Comportamento

Série de gravuras do séc. 19 retrata as heroínas de Shakespeare

domingo, janeiro 10, 2016

Por Rafaella Britto 

Imogene e Celia (Gravuras de Charles Heath/Reprodução)

Retornando às formas clássicas da arte, o gravurista e ilustrador inglês Charles Heath (1785 – 1848) buscou retratar com graça e perfeição as heroínas do poeta e dramaturgo William Shakespeare. As gravuras foram compiladas no livro “The heroines of Shakespeare: comprising the principal female characters in the plays of the great poet” (em tradução livre, “As heroínas de Shakespeare: compreendendo as principais personagens femininas nas peças do grande poeta”), publicado postumamente, no ano seguinte a morte de Heath, em 1849.

Ana Bolena (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Pouco se sabe acerca da vida e obra de Charles Heath: sabe-se que nasceu na Inglaterra, em 1 de março de 1785. Influenciado pelo pai ilegítimo, o bem-sucedido artista James Heath, funcionário da corte do Rei George III, o menino Charles, aos seis anos de idade, realizou sua primeira gravura a água-forte (técnica em que um desenho ou fotografia é posto sobre uma placa metálica, geralmente de ferro, alumínio, cobre, zinco ou latão, e a impressão pode ser a cores ou, mais tradicionalmente, monocromática). Na juventude, Charles Heath tornou-se membro da Royal Society of British Artists, estabelecida desde 1823. Heath possuía seu próprio estúdio de criação, entretanto, ao longo de sua vida, sofreu processos relacionados aos direitos autorais de sua obra. Como consequência, muitos de seus trabalhos foram vendidos para pagar dívidas, e alguns dos encontrados nos dias atuais que possuem a assinatura do nome Heath, em verdade, não são de sua autoria. “As heroínas de Shakespeare” é sua série de gravuras mais conhecida.

Anna Paige (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)


A mulher na obra de William Shakespeare

Oficialmente, William Shakespeare (1564 – 1616) escreveu 37 peças, 154 sonetos e diversos poemas. Em contrapartida a real condição das mulheres de seu tempo, enxergadas como sendo física, moral e intelectualmente inferiores aos homens, e cujas virtudes eram relegadas puramente ao sexo, Shakespeare, em suas obras, glorificou a independência, força, inteligência e destreza da figura feminina: a ambiciosa Lady MacBeth (Macbeth), a audaciosa e apaixonada Julieta (Romeu e Julieta), a submissa Desdêmona (Otelo), a língua ferina de Catarina (A Megera Domada). Em Shakespeare, os valores sócio-culturais que inferiorizam a mulher são duvidados, desacreditados e ridicularizados. Tal aspecto faz com que o dramaturgo seja apontado por críticos e estudiosos como feminista.
A professora Anna Stegh Camatti, pós-doutora em estudos Shakespearianos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), disse ao Paraná Online: “Ele evidenciava a capacidade da mulher de transcender os limites de sua condição dentro do sistema patriarcal. Guardadas as devidas proporções, é possível realizar leituras contemporâneas das personagens femininas, visto que Shakespeare deu vez e voz às mulheres”

Audrey (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Beatrice (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Cleópatra (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Constance (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Cordélia (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Helena (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Isabella (Gravura de Charles Heath) - (Fonte: Viola.bz)

Jessica (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Julia (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Julieta (Gravura de Charles Heath) - (Fonte: Viola.bz)

Lady Percy (Gravura de Charles Heath) - (Fonte: Viola.bz)

Margaret (Gravura de Charles Heath) - (Fonte: Viola.bz)

Maria (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Marianne (Gravura de Charles Heath) - (Fonte: Viola.bz)

Miranda (Conto do Inverno) - (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Mrs. Ford (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Mrs. Paige (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Olivia (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Ofélia (Gravura de Charles de Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Pedrita (Júlio César) - (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Portia (Trabalhos de Amor Perdidos) - (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Portia (esposa de Brutus) - (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Rainha Catarina (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Rainha Margaret (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Sylvia (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Viola (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

Virgília (Gravura de Charles Heath/Reprodução) - (Fonte: Viola.bz)

O livro “The heroines of Shakespeare: comprising the principal female characters in the plays of the great poet”, publicado em 1849, foi digitalizado pela Livraria do Congresso dos Estados Unidos, e pode ser conferido clicando aqui, ou no mini reader abaixo (clique nas setas para avançar ou voltar as páginas).

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5 comentários

  1. Olá,
    Gostei bastante do artigo. Antes mesmo deste, não poderia imaginar que Shakespeare poderia ter uma "alma" feminista em sua época, ou algum tipo de "solidariedade" para com a maneira que as mulheres eram tratadas naquela época. Achei bem interessante.

    womenrocker.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Shakespeare é realmente surpreendente. Fico feliz que tenha gostado!

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  2. Que post icrível!Fiquei maravilhada com a "vibe" feminista dele, incrível....Shakespeare é icônico.
    Parabéns

    LadyMoio.blogspot

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  3. Que ilustrações lindas.Difícil escolher a minha favorita.
    A Julieta é bem do jeitinho que eu imagino quando li o livro.

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