Por Rafaella Britto –
Na cerimônia do Oscar 2016, a roupa de Jenny Beavan disse mais do que sua estatueta: vencedora do Oscar de Melhor Figurino por Mad Max: Estrada da Fúria, Beavan contrariou o dress code do tapete vermelho, exibindo um look anárquico total black em estilo motociclista, composto por lenço, camisa, jaqueta de couro sintético, calça, botas sem salto e cabelos soltos e despojados.
A escolha de Beavan incomodou a mídia conservadora e reascendeu o debate em torno dos conceitos de moda, estilo e “adequação”: “Eu não uso vestidos e saltos”, disse a estilista ao Daily Mail, sobre as críticas a sua maneira de vestir. “Eu simplesmente não posso, tenho problemas nas costas. Eu ficaria ridícula em um vestido e isso foi uma homenagem a Mad Max. Estou me sentindo confortável e, até onde percebo, estou arrumada!”
Ao dispensar o glamour da alta-costura exigido pelo red carpet, Jenny Beavan ensinou que estilo é sentir-se bem consigo mesmo, e espera, assim, incentivar outras mulheres. “A única coisa que eu quero é que minha atitude tenha um efeito positivo sobre a maneira como as mulheres se sentem a respeito delas mesmas. Você não precisa parecer uma supermodelo para ter sucesso. As pessoas não têm que te aplaudir; elas não têm que gostar do seu trabalho”, acrescentou. E há muito que devemos aprender com ela.
Na cerimônia do Oscar 2016, a roupa de Jenny Beavan disse mais do que sua estatueta: vencedora do Oscar de Melhor Figurino por Mad Max: Estrada da Fúria, Beavan contrariou o dress code do tapete vermelho, exibindo um look anárquico total black em estilo motociclista, composto por lenço, camisa, jaqueta de couro sintético, calça, botas sem salto e cabelos soltos e despojados.
A escolha de Beavan incomodou a mídia conservadora e reascendeu o debate em torno dos conceitos de moda, estilo e “adequação”: “Eu não uso vestidos e saltos”, disse a estilista ao Daily Mail, sobre as críticas a sua maneira de vestir. “Eu simplesmente não posso, tenho problemas nas costas. Eu ficaria ridícula em um vestido e isso foi uma homenagem a Mad Max. Estou me sentindo confortável e, até onde percebo, estou arrumada!”
Ao dispensar o glamour da alta-costura exigido pelo red carpet, Jenny Beavan ensinou que estilo é sentir-se bem consigo mesmo, e espera, assim, incentivar outras mulheres. “A única coisa que eu quero é que minha atitude tenha um efeito positivo sobre a maneira como as mulheres se sentem a respeito delas mesmas. Você não precisa parecer uma supermodelo para ter sucesso. As pessoas não têm que te aplaudir; elas não têm que gostar do seu trabalho”, acrescentou. E há muito que devemos aprender com ela.
Jenny Beavan recebe de Cate Blanchett a estatueta de Melhor Figurino por "Mad Max: Estrada da Fúria" (Fotomontagem/Reprodução) |
Nascida
em Londres, em 1950, Jenny Beavan é a mais velha das duas filhas de um casal de
músicos eruditos. Após concluir o colegial, Beavan
ingressou no curso de figurinismo da London’s Central School of Art.
Em
1978, passou a trabalhar na cenografia de peças teatrais londrinas. No mesmo
ano, foi convidada por uma amiga a auxiliar na criação do guarda-roupa da atriz
Peggy Ashcroft para o telefime Hullabaloo Over Georgie of Bonnie’s
Pictures, produzido pela Merchant Ivory Productions. Aschcroft levou Beavan
para a Índia (onde a produção foi filmada). Seu trabalho não foi remunerado, mas marcou o início de sua extensa e bem-sucedida carreira em colaboração com
a Merchant Ivory. “Hoje as pessoas comparam outros filmes aos que temos feito”,
disse o diretor Ismail Merchant à People, “e esse é um grande crédito para
Jenny”.
A
partir de então, Jenny foi requisitada para trabalhar junto às maiores produções
teatrais e cinematográficas. Em parceria com John Bright, figurinista e
proprietário da empresa de aluguel de figurinos Crosprop, trabalhou em 12 filmes, dos quais 6 foram indicados ao Oscar de Melhor Figurino. Beavan
declarou ao Seattle Times que John Bright ensinou-a “a história e a política
das roupas.”
Em quase quatro décadas de carreira, Beavan recebeu dez indicações ao Oscar, tendo vencido duas vezes (a primeira em 1987 por A Room With a View, prêmio dividido com John Bright, e a segunda em 2016 por Mad Max: Estrada da Fúria). Foi ainda indicada ao Tony por seu trabalho na remontagem da peça Private Lives, de Noel Coward, em 2001, e foi também vencedora do BAFTA de Melhor Figurino por Mad Max.
Em quase quatro décadas de carreira, Beavan recebeu dez indicações ao Oscar, tendo vencido duas vezes (a primeira em 1987 por A Room With a View, prêmio dividido com John Bright, e a segunda em 2016 por Mad Max: Estrada da Fúria). Foi ainda indicada ao Tony por seu trabalho na remontagem da peça Private Lives, de Noel Coward, em 2001, e foi também vencedora do BAFTA de Melhor Figurino por Mad Max.
Jenny Beavan e John Bright recebem de Lauren Bacall o Oscar de Melhor Figurino em 1987 por "A Room With a View" (Foto: Reprodução) |
Jenny
Beavan destaca-se por seus conhecimentos em trajes históricos. Seus trabalhos
são frutos de pesquisa minuciosa, e a estilista busca sempre acrescentar seu
toque original às produções.
Sobre a composição dos figurinos do filme O Discurso do Rei, ambientado na década de 1920, Beavan disse ao Seattle Times: “Eu queria que os atores parecessem naturais como as pessoas reais. Mas às vezes vestir exatamente o que se vestia no passado não faz isso. É como se eles estivessem usando fantasias”. Jenny revelou que, em O Discurso do Rei, muitos atores “usam vintage” – peças autenticamente originais do período histórico em que se situa a narrativa.
Suas inspirações são diversas: “Eu sou uma grande observadora das pessoas”, contou ao London Evening Standard. “Você capta diferentes impressões quando se senta no café da Royal Academy ou na Trafalgar Square. Eu admiro o trabalho de John Bright, Piero Tosi e Alexander McQueen, mas tiro inspirações de todos os lugares.”
Sobre a composição dos figurinos do filme O Discurso do Rei, ambientado na década de 1920, Beavan disse ao Seattle Times: “Eu queria que os atores parecessem naturais como as pessoas reais. Mas às vezes vestir exatamente o que se vestia no passado não faz isso. É como se eles estivessem usando fantasias”. Jenny revelou que, em O Discurso do Rei, muitos atores “usam vintage” – peças autenticamente originais do período histórico em que se situa a narrativa.
Suas inspirações são diversas: “Eu sou uma grande observadora das pessoas”, contou ao London Evening Standard. “Você capta diferentes impressões quando se senta no café da Royal Academy ou na Trafalgar Square. Eu admiro o trabalho de John Bright, Piero Tosi e Alexander McQueen, mas tiro inspirações de todos os lugares.”
Figurinos de Helena Bonham Carter e Colin Firth em "O Discurso do Rei" (2010) - (Fotomontagem: Reprodução) |
Jenny
vive em Londres com sua filha Caitlin, produtora teatral. Aos
mais de 60 anos de idade, ela não pensa em parar: “Eu amo esse trabalho. Eu amo
cinema. Eu amo as pessoas”, disse.
Confira
alguns dos principais trabalhos de Jenny Beavan no cinema:
Vanessa Redgrave e Madeleine Potter em "The Bostonians" (1984) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Helena Bonham Carter em "A Room With a View" (1986) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Hugh Grant em "Maurice" (1987) - (Foto: Reprodução) |
Emma Thompson e Vanessa Redgrave em "Howards End" (1992) - (Foto: Reprodução) |
Emma Thompson e Anthony Hopkins em "The Remains of the Day" (1993) - (Foto: Reprodução) |
Kate Winslet em "Razão e Sensibilidade" (1995) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Anjelica Huston e Drew Barrymore em "Para Sempre Cinderela" (1998) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Jodie Foster em "Anna e o Rei" (1999) - (Fotomontagem/Reprodução) |
"Gosford Park" (2001) - (Foto: Reprodução) |
Rachel McAdams em "Sherlock Holmes" (2009) - (Fotomontagem/Reprodução) |
"Mad Max: Estrada da Fúria" (2015) - (Fotomontagem/Reprodução) |
1 comentários
Duas coisas me causam grande admiração com relação a este evento protagonizado por esta brilhante profissional, Rafa! A primeira é que, indiscutivelmente, ela colocou em pauta o "sentir-se bem" sobre a elegância de encomenda, que, penso, embora possam se antagonizar em essência, merecem, ambas posições, no mínimo, respeito. Ou seja, o frisson causado não deve empanar sua maestria como figurinista. Segundo: o talento me emociona e sempre me emocionará. Parabéns para esta mulher espetacular em sua carreira e vida, e também a você, por nos trazer sempre artigos interessantes. Um beijo! Deus continue te iluminando, minha querida!
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