Entrevista

Beleza e empoderamento: conheça o The Pinup Project

quinta-feira, agosto 10, 2017



Por Rafaella Britto –



A delicadeza de Marilyn Monroe, a sensualidade de Betty Page, as curvas de Jayne Mansfield: volta e meia, a moda recorre à feminilidade da década de 1950, representada, especialmente, pelo charme das pin-ups, modelos voluptuosas que personificavam o ideal de beleza do período. O termo entrou novamente em voga na década de 2000 devido à influência de celebridades da cultura pop como Amy Winehouse e Dita Von Teese, que incorporam ao seu estilo elementos da estética pin-up.

Em contrapartida a magreza propagada nas passarelas, as pin-ups destacam-se por suas figuras curvilíneas, sendo, desta forma, uma alternativa acessível às mulheres interessadas em construir seu estilo na contramão das tendências. E foi visando assessorar essas mulheres que as pin-ups Karla Stevanatto (também conhecida como Gia RedHot) e Renata Cândido (ou Chubby Pinup) criaram, em maio deste ano, o The Pinup Project.

O The Pinup Project oferece ensaios fotográficos e serviços completos de maquiagem, cabelo e consultoria de estilo vintage/retrô. Mais do que isso, o projeto tem como compromisso o empoderamento feminino através da autoestima: “Além de ser uma identificação de estilo, a cultura pin-up fala de atitude, abraçar suas curvas e sentir-se sexy, independente de idade e peso”, diz a fundadora Karla Stevanatto. Conheça mais sobre o projeto nesta entrevista concedida especialmente ao Império Retrô.

Renata Cândido (Chubby Pinup) e Karla Stevanatto (Gia RedHot), criadoras do The Pinup Project (Foto: Reprodução/Facebook)


Império Retrô – Como nasceu o The Pinup Project?

Karla – The Pinup Project é um projeto composto por duas pin-ups multidisciplinares, Karla Stevanatto (nome pin-up Gia RedHot) e Renata Cândido (Chubby Pinup) que primeiro eram chamadas para produzir suas amigas com penteados e maquiagens e depois tomou a forma de um projeto fotográfico retrô, com serviços completos de penteado, maquiagem, fotos em si e entrega de fotos tratadas por profissionais qualificadas.

Gia é formada em design gráfico, é gestora de marcas e trabalha com marketing digital e cuida das redes sociais, artes gráficas, penteado e tratamento final de fotos. Aprendeu algumas técnicas de penteado com sua avó, que era cabeleireira e possuía um salão em Itu - SP nos anos 1960 e reproduz isso com muito orgulho. Chubby também fez um curso técnico em publicidade e aprendeu maquiagem com sua mãe, que também tinha uma empresa de estética, e agora atua como advogada, mas sempre em busca de trabalhos que exercitem sua criatividade, especialmente atendendo clientes, fazendo a maquiagem, sendo responsável pelas fotos e tratamento de fotos no projeto também. É feito por pessoas que vivem intensamente a cultura vintage e retrô no Brasil e possuem repertório internacional para realização de serviços de fotografia e beleza.

As clientes do nosso projeto podem sentir-se despreocupadas porque estão nas mãos de verdadeiras profissionais da área e possuem anos de experiência no assunto, mesmo que o projeto tenha sido tirado do papel apenas em maio deste ano. Em apenas pouco tempo, temos a agenda repleta até dezembro de 2017. Está sendo um verdadeiro sucesso!


Ensaio para a marca Cherry Fatale (Foto: The Pinup Project)


Império Retrô – Qual é o principal objetivo do projeto e quais trabalhos vocês realizam?

Karla – O projeto nasceu da vontade de suprir uma necessidade do mercado retrô em que pin-ups de verdade transformam mulheres comuns ou que já têm algum envolvimento com a cena em verdadeiras pin-ups por algumas horas (geralmente o processo todo gira em torno de 6 horas), tendo a oportunidade de adquirirem uma verdadeira injeção de autoestima, empoderamento da figura feminina e seu retrato máximo de feminilidade, que era muito acentuado nos anos 1940 e 1950.

Além de querermos resgatar a cultura daquela época, o objetivo principal é que mulheres de todas as idades possam se sentir especiais e ter um registro disso através de fotografias, podendo até imprimir para guardar de recordação deste dia especial. As fotos geralmente são feitas em casas noturnas, hamburguerias, parques, bares e salões de beleza que tenham a ver com a temática anos 1950. Todos os nossos parceiros estão localizados em São Paulo e possuem custo zero de locação, facilitando ainda mais o custo do ensaio. Levantando custos de outros projetos, o nosso é o mais em conta, porque temos uma equipe apenas de duas pessoas e damos conta do recado!


(Foto: The Pinup Project)
Os temas são definidos pelas clientes, podendo passar de rockabilly, western, diva de Hollywood dos anos dourados, náutico, esportista e onde mais a criatividade for, mas sempre dentro dos padrões pin-up de poses e ilustrações de artistas da época, que é nossa maior referência.

Trazemos também novidades ao mercado e já vemos algumas mudanças de consumo por aí, como o resgate da antiga casa noturna The Clock Rock Bar, que é um dos nossos melhores parceiros de fotografia e favorito também de nossas clientes, e é onde conseguimos abusar de poses e temáticas por se parecer com um verdadeiro diner dos anos 1950.
Outra novidade no Brasil também foi lançar o serviço de assessoria para concursos de beleza, onde pudemos ajudar uma participante do concurso Miss Pinup The Sailor 2017, desde a escolha de seu figurino, até seu penteado, maquiagem e a própria assistência no dia do concurso, ajudando nas trocas de figurino e fazendo o aluguel de alguns acessórios para a participante. Nosso maior sonho é que uma candidata possa levar a coroa com a nossa assistência!
Ainda falando do maior concurso do Brasil de pin-ups, no Miss Pinup The Sailor, pela primeira vez, também pudemos premiar a primeira colocada com um ensaio completo totalmente produzido por nós, e já estamos ansiosas para oferecer este dia mais que especial à ganhadora, Sarah Amethyst, que hoje também é uma porta-voz no assunto de empoderamento e originalidade. Até a Dita Von Teese já interagiu com ela pelo Instagram!

E mais recentemente tivemos a oportunidade de expor pela primeira vez em uma festa, mais especificamente a Festa Rockterapia, em comemoração aos 2 anos do portal Universo Retrô, tendo pela primeira vez no Brasil um stand voltado para penteados e maquiagem, para que as mulheres pudessem curtir a festa lindas e bem-arrumadas!


A pin-up Aurora D'Vine (Fotos: The Pinup Project)


Império Retrô – Na contramão dos padrões propagados pelas mídias, o The Pinup Project trabalha junto a modelos negras, plus-size... para vocês, o quão importante é ter essa diversidade? De que maneira esse tipo de iniciativa contribui para o empoderamento das mulheres?


(Foto: The Pinup Project)
Karla – Nossa maior satisfação é que estas mulheres sintam-se à vontade para mostrar sua beleza de forma única. Respeitamos o gosto e o jeito de cada cliente, sendo do mais recatado ao mais sensual, além de seu envolvimento e conhecimento da cultura em si, que demora um pouco para ser entendido em sua totalidade.
Nós mesmas fomos evoluindo nosso estilo e técnicas de beleza como pin-up durante os anos até tomarmos a identidade que temos hoje e estamos sempre aprendendo sobre tudo!
O mais interessante é que temos clientes em sua maioria com manequins 42+ e de idades muito variadas, desde 25 a 65 anos e isso diz muito para nós. Realmente não tem idade para sentir-se bela e admirada! Isso traz muito mais segurança para que mais clientes se sintam incluídas e à vontade para posar.
Nós duas mesmo não somos nada magrinhas e acho que isso contribui também para essa tranquilidade no dia do ensaio, porque entendemos as dores e os dissabores de correr atrás de um ideal de beleza, fazer mil dietas e nunca conseguir chegar ao peso ideal! E que peso ideal seria este? O que você se sente melhor, claro!



(Fotos: The Pinup Project)


Império Retrô – A cultura pin-up está em ascensão?

Karla – A cultura pin-up, por exemplo, está sendo tema de um artigo acadêmico que estou escrevendo, justamente porque é composto de milhões de signos, representações não só de uma época, mas como de identidade de uma era específica que sempre está à tona, como a moda que é algo cíclico.

A identidade de uma pin-up é facilmente reconhecida não só no Brasil. É algo relativamente distante da nossa cultura, mas é algo mundial e acredito que esteja, sim, em ascensão, não só por conta da feminilidade, que é algo diferente do que estamos vendo hoje em termos de cultura, mas também de um mercado que não para de crescer. Hoje temos milhões de marcas voltadas para fotografia, vestuário, acessórios, sapatos e mais um monte de coisas que possam ter a ver com esse tema específico ou que se usam de referências das pin-ups para sua estética, como cosméticos. Vieram alguns em sua cabeça?

Além de ser uma identificação de estilo, a cultura pin-up fala de atitude, abraçar suas curvas e sentir-se sexy, independente de idade e peso, já que as roupas daquela época eram acinturadas, ajustadas e davam desde as mais magrinhas às mais voluptuosas uma silhueta acentuada e elegante.


(Fotos: The Pinup Project)


Império Retrô – Por último, como podemos entrar em contato para obter mais informações sobre como participar do projeto?

Karla – Estamos no Facebook e Instagram e lá todos podem ter acesso aos nossos ensaios, making ofs, eventos que participaremos, agenda e novidades. Também temos um site e e-mail para solicitação de orçamentos: contato@thepinupproject.com.br.






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2 comentários

  1. Adorei participar! Novamente obrigada pelo convite. Muito sucesso ao seu blog, ele é excelente!

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Sobre

Criado em 2010 por Rafaella Britto, o blog Império Retrô aborda a influência do passado sobre o presente, explorando os diálogos entre arte, moda e comportamento.


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