Comportamento

Dicas de estilo com Christian Dior

sexta-feira, dezembro 01, 2017



Por Rafaella Britto –


Christian Dior eternizou seu nome na história da moda ao introduzir o New Look, a estética que trouxe de volta a feminilidade, o luxo e a extrema sofisticação após a Segunda Guerra Mundial. Homem simples e de refinamento discreto, o estilista francês conquistou os corações das mulheres ao redor do mundo – das singelas donas-de-casa às esposas de generais Nazistas – e seu império de alta-costura permanece ainda hoje como sinônimo de glória e requinte.

O estilista Christian Dior nos anos 50 (Foto: Reprodução)

Dior escreveu diversos livros, sendo o mais famoso deles o Petit Dictionnaire de La Mode (em português, Pequeno Dicionário da Moda), um livro que, nas palavras do mestre, não é “nem extenso demais a ponto de ficar entediante, nem restrito demais a ponto de parecer insuficiente”. Publicada pela primeira vez em 1954, esta charmosa enciclopédia de bolso foi o principal guia para as mulheres bem-vestidas da época. Uma nova edição, ilustrada com desenhos e fotografias, foi lançada em 2007 pelo Victoria & Albert Museum, em Londres, em comemoração aos 50 anos do New Look.

(Foto: Dior.com)

Em seu Pequeno Dicionário, Dior ensina os três fundamentos da moda: simplicidade, bom gosto e elegância. Aprendemos a melhor maneira de amarrar uma echarpe; qual a melhor estação do ano para renovar o guarda-roupa; como usar sedas, veludos e rendas; como escolher o melhor salto alto; como caminhar com graça; e, por fim, o segredo do bem-vestir: “Não há nenhum segredo”, escreve. “Se houvesse, seria muito fácil: as mulheres ricas poderiam comprá-lo e todas as suas preocupações terminariam! Mas simplicidade, arrumação e bom gosto – os três fundamentos da moda – não podem ser comprados. Mas podem ser aprendidos, tanto pelas ricas quanto pelas pobres.”

Selecionamos alguns dos conselhos práticos e atemporais ditados pelo pioneiro da alta-costura.

A modelo Dorian Leigh vestindo Dior em 1950 (Foto: Gjon Nili/Tumblr/Reprodução)

1. Accessories – Acessórios

“São muito importantes para a mulher bem vestida. Quanto menor o gasto que puder ter com o vestido, maior deve ser a atenção empregada nos acessórios. Com um vestido e diferentes acessórios, você sempre poderá se sair bem. Mas esteja sempre atenta se não puder ter um conjunto completo de cada cor.
Você deve optar por uma cor que combine com várias peças de seu guarda-roupa.
A menos que você tenha muito dinheiro, é mais sábio escolher o preto, o azul-marinho ou o marrom para seus acessórios, em vez de um vermelho vivo ou verde.
É uma questão de cuidado e gosto.
Não compre muito, mas tenha certeza de que o que você compra é de qualidade.”

(Foto: LIFE/Reprodução)


2. Colors – Cores

(Foto: Reprodução)
“As cores são maravilhosas e glamorosas – mas devem ser usadas com cuidado.
Até mesmo a cor mais bela, se usada todos os dias, perderá seu efeito. As cores precisam de mudança. Nós não apreciaríamos céus azuis se eles fossem sempre azuis; são as nuvens, a mudança constante, que tornam o céu tão bonito.
Nada na natureza é sempre estático: o campo muda diariamente; o céu muda a cada hora; e o mar nunca é o mesmo a cada minuto.

As cores devem ser usadas em determinados toques se você quer mudar o visual de suas roupas. Um lenço esmeralda, um rosa vivo avermelhado, uma canga amarelo-sol, luvas azul royal.
Entretanto, se você possui apenas um pequeno guarda-roupa, restinja suas cores a seus acessórios.
Um vestido colorido pode parecer muito alegre e atrativo, mas você pode se cansar dele facilmente, e não poderá usá-lo com tanta frequência quanto faria com um pretinho básico ou um vestido azul-marinho.
(Foto: Reprodução)

Você compreende que, quando falo a respeito de cores, estou me referindo a cores vivas, e não a neutras como o cinza, o bege, o preto ou o azul-marinho, que podem ser usadas diariamente. Mas mesmo assim devem ser selecionados de acordo com seu tom de pele, a cor de seus cabelos e seus olhos.
Por exemplo, muito poucos tons de bege combinarão com alguém de cabelos grisalhos, porque o bege e o cinza são muito similares em termos de características. Aqueles que possuem cabelos grisalhos deveriam escolher entre o cinza, o azul-marinho, e, é claro, o preto.

Para vestidos de algodão de verão, você poderá, claro, escolher as cores mais alegres do mundo – porque você terá várias delas.
Mas, quando estiver escolhendo roupas mais estratégicas e de qualidade, restrinja-se a cores neutras. Você também deve ter muito cuidado na escolha das cores de seus acessórios.
Duas cores diferentes em qualquer visual são suficientes. E dois toques de quaisquer outras cores são suficientes.
Chapéu, luvas, lenço e cinto na mesma cor são um estrago; simplesmente dão um efeito de mancha. Um chapéu e um lenço colorido, ao contrário, levam o olhar a um ponto focal do traje.
Um bom planejamento é muito necessário para um bom estilo.”

(Foto: Reprodução)


3. Detail – Detalhe

“Eu odeio detalhes. Adoro realces e pequenos toques, mas eles devem ser sempre importantes – e não insignificantes. O pequeno detalhe é algo muito barato e nada elegante.
Embora possua também um outro significado, você deve ser elegante em cada detalhe de vestido, da cabeça aos pés. Então, o detalhe é importante.”

Dior, 1957 (Foto: Reprodução/Tumblr)


4. Elegance – Elegância
A modelo Jean Patchett vestindo Dior em 1950
 (Foto: Regina Relang/Tumblr/Reprodução)

“Essa é uma palavra a respeito da qual eu precisaria escrever um livro inteiro para fornecer uma exata definição! Apenas direi agora que a elegância deve ser a combinação certa de discrição, naturalidade, cuidado e simplicidade. Fora isso, acredite, não há elegância. Apenas ostentação.
A elegância não depende de dinheiro. Dos quatro itens que mencionei acima, o mais importante de todos é o cuidado. Cuidado na escolha das roupas. Cuidado ao usá-las. Cuidado ao conservá-las.”



5. Nonsense – Contra-senso

“Na moda, contra-senso é usar um grande chapéu de palha com uma capa de chuva; uma capa de chuva com um vestido para a noite; sapatos grosseiros de couro com um vestido de coquetel; salto alto com calça larga; veludo no calor; rendas com tweed... Eu poderia escrever um livro sobre contra-senso na moda! Muitas mulheres se esquecem de que mesmo a moda mais extrema deve ser sensível de algum modo. A boa moda é sempre uma evolução natural e baseia-se no senso comum.
Não gosto da moda enganosa, projetada apenas para o fim de publicidade. Ela pode ser chamativa, mas nunca elegante.”



Referências:

Dior, Christian. O Pequeno Dicionário de Moda. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 2009.

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Sobre

Criado em 2010 por Rafaella Britto, o blog Império Retrô aborda a influência do passado sobre o presente, explorando os diálogos entre arte, moda e comportamento.


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