Ergui-me
pela manhã. Alonguei-me, escovei os dentes, tomei banho, comi pão francês. Segui
para o trabalho, cantarolando Paul McCartney – “only my love does it good...” O
cotidiano seguia seu curso rotineiro, a princípio. Porém, dentro de mim, algo
mudara: um desejo irrefreado de me reencontrar; esquecer o passado – as
paixões, os amores, as angústias; abraçar o mundo, sorrir. A Vida revela-me
seus mistérios e a eles entrego-me plena de fascínio e gratidão.
Deste
modo, um tanto quanto sentimental, porém feliz, me despeço das atividades no
Império Retrô. Este projeto que fez parte de minha vida desde os primeiros anos
de minha adolescência até agora, em que vejo-me diante de descobertas e
ressignificações, e muito necessita ser deixado para trás.
Há quase
8 anos, nada era o mesmo. O blog, criado por mim inicialmente para ser o escape
de meus sofrimentos de menina, norteou meus sonhos mais vivos: sonhava em escrever,
revolucionar o mundo através da arte. Cresci. Gradativamente, conforme meu
amadurecimento pessoal, amadureciam, também, meus conhecimentos, transmitidos
através de meus escritos. Eu, que julgava-me tão excêntrica e solitária, percebi
que não estava assim tão só, e que minhas paixões pelo cinema, a história, a beleza,
poderiam ser compartilhadas com outras tantas almas poéticas espalhadas pelo universo
afora. E assim passaram quase 8 anos – quem diria! – de intensos aprendizados e
reflexões, e a solidificação de amizades que, tenho certeza, levarei comigo ainda
por muitos e muitos anos.
Não foi
uma decisão simples. Poderiam ser listadas inúmeras razões que me conduziram a
ela, porém detenho-me em dizer, somente, que mudei. Os caminhos tornaram-se
outros – o que é ótimo, já que a vida não é e não deve ser constante. Necessito
dedicar mais tempo a mim mesma – meus estudos, minha carreira, planos,
objetivos e sonhos. Experimentar-me em atividades e mundos diversos.
Tenho
profundo orgulho do trabalho que realizei ao longo destes anos. De igual modo,
sou grata aos meus leitores, muitos dos quais tornaram-se amigos, pessoas enriquecedoras que muito me ensinaram – e
ensinam. Sou grata aos colaboradores, às preciosas oportunidades que recebi, ao reconhecimento que
obtive.
O site
continuará no ar, e minhas produções – textos e pesquisas – estarão sempre
disponíveis para quem quiser usufruí-las. Não deixarei de escrever, jamais.
Vocês poderão ainda me encontrar no Cine Suffragette, nas redes sociais e em
futuras empreitadas criativas.
No mais,
este talvez não seja um adeus, mas um até breve. Algum dia, quem sabe, eu
volte. Mas agora é momento de cuidar de mim.
Muito,
muito, muito obrigada, hoje e sempre.
Com amor,
Rafaella