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Tina Turner, uma mulher livre

segunda-feira, julho 31, 2017



Por Lucas Mateus Lima –



Mesmo após anos de aposentadoria, o nome de Anna Mae Bullock, ou simplesmente Tina Turner, continua sendo uma grande referência para o mundo do entretenimento. A lendária cantora tornou-se conhecida nos anos 60/70 por sua voz rouca, potente e marcante, e também por suas danças explosivas ao lado das 'ikettes' e de seu então marido Ike Turner, com quem formava o duo Ike & Tina Turner.

O marido Ike Turner, com quem Tina formava a dupla Ike & Tina Turner (Foto: Reprodução)


O retorno da artista ao cenário musical na década de 80, finalmente divorciada, após anos à sombra de uma relação abusiva com seu cônjuge, revelou sua enorme capacidade de reinvenção e resiliência. Solo, Tina renovou sua sonoridade, sendo diretamente influenciada por nomes como David Bowie e Rolling Stones, criando uma mescla de melodias alegres e românticas, combinadas perfeitamente com sua unicidade vocal.
O estrondoso sucesso de sua carreira solo quebrou paradigmas: Tina era uma mulher livre, recém-saída de uma relação abusiva, já na casa dos 50 anos, cantando músicas sobre amor para um público mais jovem que ela, mas que ainda assim parecia não se importar com isso, sempre lotando suas apresentações e mantendo-a no topo dos charts.





A idade pode parecer um elemento desimportante no show business atualmente (ao menos no discurso), mas é preciso frisar que eram os anos 80, e se hoje o entretenimento já invisibiliza e exclui os profissionais mais velhos, em especial as mulheres, quanto mais há 30 anos, num mundo muito mais limitado, conservador, machista e misógino.
Contra todas as expectativas, dentro dessa realidade, a cantora só fez aumentar o seu nome e espaço na mídia, e mesmo que despretensiosamente, foi uma figura extremamente feminista: teve forças para se desvencilhar do jugo violento do esposo e assumir total controle do seu corpo e caminho artístico, enfrentando bravamente os inúmeros percalços do caminho.



(Foto: Reprodução)


O legado de Tina é inegável, ela é uma influência direta para toda uma geração de artistas. Um ícone em todos os sentidos, conseguindo manter sua relevância ao longo das décadas, no contrafluxo de uma sociedade que ainda hoje mantém o “culto à juventude”. Sua luta pessoal contra a violência doméstica, sem romantizações, mostrou que é possível seguir em frente, depois de uma trajetória marcada por abusos.
A força da persona de Anna Mae no palco, sem dúvida, serviu de inspiração para muitas outras mulheres expostas a situações de violência. Ela se transformou em uma prova de superação. Lutar por sua vida e independência foram suas maiores bandeiras.



Sobre o autor:

Lucas Mateus Lima, estudante de história, 22 anos, um fã da música, filmes, algumas séries e, é claro, de todas as coisas relacionadas à cultura de massa das 5 últimas décadas do século 20. Enfim, alguém com gostos bem peculiares, algumas vezes vergonhosos, que vão de A a Z. Além disso, um grande apreciador do leite condensado com biscoito óreo.
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