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Claudinette Fouchard, a "Rainha do Açúcar" do Haiti

quinta-feira, outubro 13, 2016


Em 1960, o Haiti esteve sob os holofotes. A razão era que a pequena República caribenha havia sido o local de nascimento da “Rainha do Açúcar”, título pelo qual ficou conhecida Claudinette Fouchard, a primeira haitiana a concorrer ao Miss Universo.

Claudinette Fouchard, a primeira haitiana a concorrer ao título de Miss Universo (Fotomontagem/Ebony)

Nascida em Porto Príncipe, em 3 de fevereiro de 1938, Claudinette, devido a profissão do pai, rico industrial do açúcar, antropólogo, jornalista e embaixador haitiano em Cuba, cresceu entre Paris e Havana e, ao ingressar em sua carreira acadêmica, estava disposta a tornar-se física e servir ao povo de seu país.

Claudette Fouchard ao lado de seu pai, Jean Fouchard, antropólogo, jornalista, industrial e diplomata (Fotomontagem/Ebony)

Mas a paixão pela arte falou alto ao coração da promissora jovem, e Claudinette formou-se em música pela Universidade de Georgetown, em Washington, e em belas artes pela Sorbonne, em Paris. Além do francês e o crioulo, suas línguas nativas, Fouchard dominava com fluência o inglês, alemão, espanhol e italiano.

Claudinette se formou em música pela Georgetown e em belas artes pela Sorbonne. Além do francês e do crioulo, suas línguas nativas, falava inglês, alemão, italiano e espanhol (Fotomontagem/Ebony)

Desde os 17 anos, Claudinette participava dos concursos de beleza locais e tornou-se conhecida como a “Rainha do Açúcar” em 1958, ao desbancar 42 candidatas na Competição Internacional de Beleza ocorrida em Cali, na Colômbia. Mas somente em 1960, ao receber o título de Miss Haiti, a bela de curvas voluptuosas e 1,65m de altura conquistou status de celebridade nacional.

Ao receber o título de Miss Haiti em 1960, Fouchard tornou-se celebridade nacional (Fotomontagem/Reprodução)

Claudinette Fouchard nas capas de revistas (Fotomontagem/Reprodução)

Claudinette, a princípio, acreditava não ter chances de vencer o Miss Universo, que ocorreria em Miami e daria a vencedora, entre outras honrarias, um prêmio em dinheiro no valor de 10 mil dólares. Na verdade, coroas, cetros, títulos e fama não seduziam a jovem de 21 anos, que estava mais preocupada em dedicar-se a vida simples e se casar com seu então noivo, o industrial alemão Walter Fischl. Um jornalista americano a convenceu do contrário ao lembrá-la: “Você deve isso ao seu país”.

Claudinette Fouchard ao lado do noivo, o industrial alemão Walter Fischl (Fotomontagem/Ebony)

Claudinette perdeu o título de Miss Universo para a norte-americana Linda Bement. Sua participação no concurso, entretanto, reergueu a moral do Haiti como um país de belezas: a “Rainha do Açúcar” teve sua imagem estampada em selos postais, foi imortalizada em canções e laureada com a Ordem do Mérito pelo então presidente haitiano François Duvalier.  

A Rainha e o Presidente: Claudinette Fouchard é laureada com a Ordem do Mérito por François Duvalier (Fotomontagem/Ebony)

Claudinette Fouchard em selos postais do Haiti (Foto: Delcampe/Reprodução)

Em setembro do mesmo ano, Claudinette e Fischl casaram-se em uma cerimônia ao ar livre, ocorrida na residência da família Fouchard em Petionville, no Haiti. Desde então, a Miss mantém-se distante da vida pública. Sabe-se que, ao longo de sua vida, esteve engajada em causas humanitárias e na luta pelos direitos civis da população negra. Por sua história, Claudinette Fouchard é parte da memória nacional do Haiti.

Claudinette Fouchard na década de 2000: ao longo de sua vida, a Miss Haiti esteve envolvida em causas humanitárias e na luta pelos direitos civis da população negra (Foto: Reprodução)


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