Cinema e TV

Elizabeth Taylor: crescendo sob os holofotes

quinta-feira, abril 14, 2016

Por Stelle de Rocio, autora convidada


Considerada uma das mais inesquecíveis estrelas da Old Hollywood, Liz Taylor, ainda jovem, tornou-se uma das mulheres mais bem pagas dos Estados Unidos. A atriz, ao longo de sua vida, trilhou um caminho de intenso sucesso, até sua retirada do cinema, no fim da década de 1970.

Liz no set de Cynthia, 1947 (Foto: Vintage Everyday)

Nascida na Inglaterra, em 1932, filha de americanos, Liz, aos dois anos de idade, já encantava por sua beleza. Sua mãe, Sara Taylor, ex-atriz de teatro, contava-lhe histórias acerca do glamoroso universo hollywoodiano que, à época, cercava celebridades como Clark Gable, Greta Garbo, Greer Garson e Joan Crawford, despertando na filha caçula o desejo de tornar-se estrela.

A recém-nascida Liz Taylor nos braços de sua mãe, Sara Taylor (Foto: Reprodução)

Os pais de Elizabeth eram donos de uma galeria de arte em Los Angeles, cidade por onde transitavam os astros que compunham a nata cinematográfica de Hollywood. Insistente quanto à formação artística da filha, Sara Taylor matriculou-a em aulas de dança, música e teatro. Um dia, um dos pais de uma das coleguinhas de Liz a convidou para fazer um teste nos estúdios da MGM, e, em outra ocasião, um dos executivos da Universal Estúdios, admirado pela beleza e vivacidade da menina, também a convidou para um teste. Sara Taylor, cristã fervorosa, tinha certeza de que suas preces haviam sido atendidas.

Aos 10 anos, em 1942 (Foto: Vintage Everyday)

Em 1942, Liz estreou nas telonas no filme There’s One Born Every Minute (dir. Harold Young). Os produtores da Universal, porém, não ficaram satisfeitos, pois Liz, aos 10 anos, tinha um olhar ‘adulto demais’.

Aos 10 anos, em 1942 (Foto: Vintage Everyday)

Nesta época, os EUA haviam entrado na Segunda Guerra Mundial, e as famílias americanas – dentre elas os Taylor - sofreram uma forte crise financeira. O cinema levava a sério seu papel social como principal entretenimento de massa em tempos de escuridão, produzindo comédias e romances que alimentavam sonhos.
Em 1943, a MGM procurava por uma menina com sotaque britânico para contracenar com Roddy McDowall no filme Lassie - A Força do Coração (Lassie Come-Home, dir. Fred M. Wilcox). Assim, Elizabeth Taylor iniciou sua carreira nos estúdios da Metro.

Liz Taylor em Lassie - A Força do Coração, 1943 (Foto: Reprodução)

A MGM era conhecida por possuir ‘mais estrelas que o céu’, e era a principal produtora cinematográfica na Hollywood dos anos 1940. A entrada da jovem Liz nesse mundo de intenso luxo e glamour marcou a perda de sua infância inocente no anonimato, e o início de uma adolescência sob os holofotes, cercada de cuidados excessivos. Liz não teve preocupação durante a Guerra: estudava na escola pertencente ao estúdio, morava no mesmo bairro de pessoas ligadas ao estúdio e passava a maior parte de seu dia no estúdio.

(Foto: Vintage Everyday)

Em 1944, fez uma pequena participação em Jane Eyre (dir. Robert Stevenson), adaptação da obra homônima de Charlotte Brontë e, no ano seguinte, estrelou o aclamado A Mocidade é Assim Mesmo (National Velvet, dir. Clarence Brown): Liz disse que ela e sua personagem, Velvet Brown, eram a mesma pessoa, pois tinham as mesmas preferências - inclusive o gosto por cavalos. A MGM passou a mimar Elizabeth a ponto de levá-la à enfermaria por qualquer sarda que viesse a aparecer em seu rosto, e sua mãe tornou-se amiga de Hedda Hopper (uma das maiores mexeriqueiras que Hollywood já conheceu). A amizade de Sara Taylor com Hopper contribuiu para elevar Liz ao status de estrela mirim.

Em 1944 (Foto: Vintage Everyday)

Aos 13 anos começava sua ascensão. O próximo passo seria o estrelato, e ela estava sendo preparada para a transição de atriz mirim a deusa de clássicos inesquecíveis. Nos anos seguintes, interpretou com perfeição meninas ricas e mimadas em filmes como Nossa Vida com Papai (Life With Father, dir. Michael Curtiz, 1947) e O Príncipe Encantado (A Date With Judy, dir. Richard Thorpe, 1948). Sua beleza começava a ter uma aura mais adulta, e o seu ego era alimentado e protegido por sua mãe e pelos executivos da Metro.

Com a mãe em sua casa, em Los Angeles, 1947 (Foto: Vintage Everyday)

Liz Taylor foi uma jovem precoce: cedo iniciou sua carreira profissional em um trabalho dos mais cobiçados – e também dos mais sexualizados. Adolescente, era hipocondríaca, e aos 15 anos lamentava o fato de não ter um namorado. Liz passava horas dentro de seu quarto escrevendo poesias românticas:

Amar Você
Seria uma Felicidade tão divina
Que, quando nossos corações se beijassem eternamente,
Eu conheceria a maior felicidade que se pode ter...”

Liz em sua escrivaninha, 1945 (Foto: Vintage Everyday)

Aos 16 anos, teve seu primeiro relacionamento, e alguns meses depois conheceu aquele viria a ser seu primeiro noivo, o milionário Bill Pawley, que lhe deu seu primeiro diamante.

Liz e seu primeiro noivo, Bill Pawley (Foto: Reprodução)

Em 1949, Liz foi emprestada à Paramount Pictures para co-estrelar Um Lugar Ao Sol, aclamado filme do diretor George Stevens. O longa, baseado no polêmico livro Uma Tragédia Americana, do escritor Theodore Dreiser, contava com Montgomery Clift no papel principal.
Liz Taylor não compreendia a complexidade de sua personagem, a socialite Angela Vickers, e também não entendia por que o livro no qual filme fora baseado era tão proibido. Ela acreditava que, mais uma vez, iria interpretar um papel infanto-juvenil. De qualquer forma, estava animadíssima para trabalhar com alguém do nível de Stevens. Porém Bill Pawley não queria que a noiva fosse atriz, e apesar da insistência de Elizabeth, rompeu o relacionamento no mesmo ano.

Liz Taylor e Montgomery Clift em Um Lugar Ao Sol (dir. George Stevens, 1951) - (Foto: Reprodução)

Um Lugar Ao Sol propiciou uma série de descobertas para Liz. Em Monty Clift, ela encontrou um amigo, e alguém que não havia sido ‘criado’ pela indústria do cinema. George Stevens fê-la crescer diante das câmeras durante os meses de filmagem. Ali nascia uma nova Elizabeth Taylor, ainda adolescente, mas madura e determinada a prosseguir em sua carreira trabalhando e lutando por bons papéis. Foi nessa época que ela também começou a sair de baixo dos cuidados de sua controladora mãe.
Um Lugar Ao Sol foi o primeiro filme da chamada Trilogia Americana, de Stevens, e conquistou 6 Oscars e um Globo de Ouro, além de ter sido indicado ao grande prêmio no Festival de Cannes. Atualmente, figura na lista dos 100 maiores filmes americanos de todos os tempos.

Liz Taylor e Montgomery Clift em Um Lugar Ao Sol (dir. George Stevens, 1951) - (Foto: Reprodução)


Elizabeth Taylor cresceu. Os olhos cor de violeta que outrora traduziam a ingenuidade da menina, agora expressavam a força, sensualidade e talento da mulher forte. Ao longo de sua carreira, venceu 2 Oscars e tornou-se a atriz mais bem paga da indústria do cinema americano. Trabalhou junto aos mais aclamados artistas de sua época. Casou-se sete vezes. Tornou-se dona de si - e sem papas na língua. “Eu já passei por tudo, baby, sou uma Mãe Coragem”, disse.

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