Na cerimônia do Oscar 2016, a roupa de Jenny Beavan disse mais do que sua estatueta: vencedora do Oscar de Melhor Figurino por Mad Max: Estrada da Fúria, Beavan contrariou o dress code do tapete vermelho, exibindo um look anárquico total black em estilo motociclista, composto por lenço, camisa, jaqueta de couro sintético, calça, botas sem salto e cabelos soltos e despojados.
A escolha de Beavan incomodou a mídia conservadora e reascendeu o debate em torno dos conceitos de moda, estilo e “adequação”: “Eu não uso vestidos e saltos”, disse a estilista ao Daily Mail, sobre as críticas a sua maneira de vestir. “Eu simplesmente não posso, tenho problemas nas costas. Eu ficaria ridícula em um vestido e isso foi uma homenagem a Mad Max. Estou me sentindo confortável e, até onde percebo, estou arrumada!”
Ao dispensar o glamour da alta-costura exigido pelo red carpet, Jenny Beavan ensinou que estilo é sentir-se bem consigo mesmo, e espera, assim, incentivar outras mulheres. “A única coisa que eu quero é que minha atitude tenha um efeito positivo sobre a maneira como as mulheres se sentem a respeito delas mesmas. Você não precisa parecer uma supermodelo para ter sucesso. As pessoas não têm que te aplaudir; elas não têm que gostar do seu trabalho”, acrescentou. E há muito que devemos aprender com ela.
Jenny Beavan recebe de Cate Blanchett a estatueta de Melhor Figurino por "Mad Max: Estrada da Fúria" (Fotomontagem/Reprodução) |
Em quase quatro décadas de carreira, Beavan recebeu dez indicações ao Oscar, tendo vencido duas vezes (a primeira em 1987 por A Room With a View, prêmio dividido com John Bright, e a segunda em 2016 por Mad Max: Estrada da Fúria). Foi ainda indicada ao Tony por seu trabalho na remontagem da peça Private Lives, de Noel Coward, em 2001, e foi também vencedora do BAFTA de Melhor Figurino por Mad Max.
Jenny Beavan e John Bright recebem de Lauren Bacall o Oscar de Melhor Figurino em 1987 por "A Room With a View" (Foto: Reprodução) |
Sobre a composição dos figurinos do filme O Discurso do Rei, ambientado na década de 1920, Beavan disse ao Seattle Times: “Eu queria que os atores parecessem naturais como as pessoas reais. Mas às vezes vestir exatamente o que se vestia no passado não faz isso. É como se eles estivessem usando fantasias”. Jenny revelou que, em O Discurso do Rei, muitos atores “usam vintage” – peças autenticamente originais do período histórico em que se situa a narrativa.
Suas inspirações são diversas: “Eu sou uma grande observadora das pessoas”, contou ao London Evening Standard. “Você capta diferentes impressões quando se senta no café da Royal Academy ou na Trafalgar Square. Eu admiro o trabalho de John Bright, Piero Tosi e Alexander McQueen, mas tiro inspirações de todos os lugares.”
Figurinos de Helena Bonham Carter e Colin Firth em "O Discurso do Rei" (2010) - (Fotomontagem: Reprodução) |
Vanessa Redgrave e Madeleine Potter em "The Bostonians" (1984) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Helena Bonham Carter em "A Room With a View" (1986) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Hugh Grant em "Maurice" (1987) - (Foto: Reprodução) |
Emma Thompson e Vanessa Redgrave em "Howards End" (1992) - (Foto: Reprodução) |
Emma Thompson e Anthony Hopkins em "The Remains of the Day" (1993) - (Foto: Reprodução) |
Kate Winslet em "Razão e Sensibilidade" (1995) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Anjelica Huston e Drew Barrymore em "Para Sempre Cinderela" (1998) - (Fotomontagem/Reprodução) |
Jodie Foster em "Anna e o Rei" (1999) - (Fotomontagem/Reprodução) |
"Gosford Park" (2001) - (Foto: Reprodução) |
Rachel McAdams em "Sherlock Holmes" (2009) - (Fotomontagem/Reprodução) |
"Mad Max: Estrada da Fúria" (2015) - (Fotomontagem/Reprodução) |
1 comentários
Duas coisas me causam grande admiração com relação a este evento protagonizado por esta brilhante profissional, Rafa! A primeira é que, indiscutivelmente, ela colocou em pauta o "sentir-se bem" sobre a elegância de encomenda, que, penso, embora possam se antagonizar em essência, merecem, ambas posições, no mínimo, respeito. Ou seja, o frisson causado não deve empanar sua maestria como figurinista. Segundo: o talento me emociona e sempre me emocionará. Parabéns para esta mulher espetacular em sua carreira e vida, e também a você, por nos trazer sempre artigos interessantes. Um beijo! Deus continue te iluminando, minha querida!
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